CEOs de alguns dos maiores provedores de banda larga do País foram categóricos em afirmar que o futuro de suas empresas passa pela agregação de serviços combinada à oferta de conectividade. A perspectiva foi compartilhada por executivos de Alloha Fibra (dona da marca Giga+), Vero, Alares, Desktop e Zaaz em painel no Warm-Up, evento realizado nesta segunda-feira, 29, em São Paulo.
Fabiano Ferreira, CEO da Vero, apontou que a empresa busca incrementar o portfólio de serviços tanto para o segmento empresarial (B2B) quanto para o residencial (B2C). Inclusive, ele reforçou que o provedor procura se posicionar como um hub de negócios e "invadir a área de TI" como forma de agregar soluções aos clientes.
"Quando falamos de potencial em uma casa ou negócio, há muitos serviços que a gente não oferece, mas poderíamos oferecer por meio de parcerias ou desenvolvendo-os", avaliou. "Quem mantiver o negócio só na conectividade, principalmente só na banda larga, vai ter muita dificuldade", alertou.
Denio Alves Lindo, CEO da Desktop, disse que os provedores precisam "criar vínculo de valor com os clientes", o que passa por oferecer "inovações tecnológicas em um hub de conectividade de modo que o cliente se sinta preso a você". Nesse sentido, complementou dizendo que "o cliente tem que pegar o aplicativo e ver que tem novidade, sentir que tem algum benefício oferecido pela empresa".
Falando para uma plateia de donos de ISPs, o líder da Desktop ainda comentou que a transição de Wi-Fi 5 para Wi-Fi 6 e, posteriormente, para o Wi-Fi 7 "somente vai manter a receita", reforçando a necessidade de agregar soluções ao portfólio das prestadoras de banda larga.
Como forma de ampliar as receitas, Cristiano Santana, CEO da Zaaz Telecom, sugeriu a entrada nos mercados de telefonia móvel, sobretudo na forma de operadoras móveis virtuais (MVNOs), e de TV por streaming, até como uma forma de combater a pirataria.
"Todo mês, os clientes pagam serviços piratas de TV e nós não capturamos essas receitas. É preciso enxergar que podemos criar um OTT ou um produto de TV para brigar com a pirataria", propôs.
Santana ainda lembrou que, diferentemente de outros mercados, os ofertantes de conectividade não são ameaçados por produtos substitutos (como crianças que trocam brinquedos por smartphones), de modo que as empresas precisam ver "o quanto conseguem tirar do bolso do cliente por mês".
Informalidade e postes
Além da agregação de serviços, os executivos ressaltaram que a prosperidade dos ISPs depende da redução dos custos operacionais, especialmente o aluguel de postes, e do combate à informalidade, uma vez que empresas que trabalham sem regularização não pagam impostos.
"O movimento natural é os provedores menores que ainda atuam na informalidade irem se regularizando, para que não haja desequilíbrio. A Anatel tem que reconhecer que já existem empresas que estão pagando impostos e encontrando as melhoras formas de prover esse serviços", salientou Roger Solé, CEO da Giga+.
Denis Ferreira, CEO da Alares, complementou as críticas à conjuntura regulatória dizendo que, "hoje, nos vemos reféns da Aneel", em função de a agência reguladora do setor elétrico não ter entrada em consenso sobre o compartilhamento de postes.
Além disso, reprovou a Anatel pelas "idas e vindas" no que diz respeito à destinação da faixa de 6 GHz, que, inicialmente, foi dedicada integralmente ao Wi-Fi, mas a decisão foi revista.
"Não podemos ter um cenário onde as agências reguladoras façam essas coisas", frisou o executivo da Alares.