O incidente de cibersegurança que causou a interrupção total da produção da Jaguar Land Rover (JLR) por três semanas deixa grandes dúvidas e suspense inclusive entre seus fornecedores. Os sistemas da montadora foram paralisados após a empresa perceber a gravidade do ataque, levando ao desligamento de sistemas cruciais em suas fábricas. Um dos problemas no momento é fato de “tudo estar conectado” nos sistemas da JLR: ao descobrir a intrusão, a montadora não conseguiu isolar fábricas ou funções, segundo o jornal britânico The Guardian. O prejuízo pode chegar a centenas de milhões de libras, e há fornecedores temendo que os problemas só sejam superados no final do ano.
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Jaguar Land Rover sofre incidente cibernético
Jaguar Land Rover atrasa operações por causa de ataque
O ataque atingiu as operações da JLR em todas as suas fábricas no Reino Unido, Eslováquia, Brasil e Índia. As unidades de Gaydon e Solihull, no West Midlands, região sede da empresa e responsável pela produção dos lucrativos Range Rovers, foram particularmente afetadas. A paralisação também causou turbulência em toda a cadeia de suprimentos, gerando temores de falência para fornecedores que dependem da receita da montadora.
A invasão cibernética teve início em um domingo de agosto, quando gerentes da fábrica de Halewood, Merseyside, relataram o que parecia ser um ataque, mas sem a dimensão do que estava por vir. Na manhã de segunda-feira, a JLR desligou seus sistemas após a percepção da severidade do problema. A equipe de cibersegurança, incluindo a Tata Consultancy Services (TCS), empresa contratada para gerenciar e proteger grande parte da infraestrutura de TI da JLR, está trabalhando para restabelecer os sistemas. O National Cyber Security Centre do Reino Unido também está auxiliando na resposta ao incidente.
O papel da terceirização de cibersegurança
O ataque levanta sérias questões sobre a decisão da JLR, de propriedade do Grupo Tata, de terceirizar grande parte de seus sistemas de TI e, crucialmente, sua cibersegurança para a Tata Consultancy Services (TCS). Sob um contrato de £800 milhões, a TCS é responsável por modernizar e gerenciar a infraestrutura digital da JLR. No entanto, a vulnerabilidade exposta pelo ataque sugere falhas significativas. Com a interconexão de sistemas de fábrica e software de gestão (como o SAP), a intrusão em uma parte da rede forçou o desligamento de toda a operação. A TCS, que também presta serviços a outras grandes varejistas britânicas afetadas por ataques recentes, tem sido o centro da resposta à crise.
Impacto na cadeia de suprimentos e na liderança da empresa
A paralisação está causando um efeito em cascata na cadeia de suprimentos da indústria automotiva britânica. O governo do Reino Unido, por meio do Departamento de Negócios e Comércio, está em contato diário com a JLR, que compartilha informações sobre sua extensa rede de mais de 700 fornecedores. O governo tem sido pressionado a oferecer apoio financeiro, como um esquema de furlough para os trabalhadores da cadeia de suprimentos, muitos dos quais temem pela segurança de seus empregos. Para o CEO da JLR, Adrian Mardell, o incidente lança uma sombra sobre sua gestão, que vinha focada na estratégia de “reimaginar” a empresa, priorizando carros de luxo e alto valor agregado.