Historicamente, a construção civil é vista como um setor de baixa digitalização. Mas de três anos para cá observamos um movimento de convergência tecnológica que está mudando a forma como empresas produzem, distribuem e se relacionam com seus clientes. Se antes a automação fabril, a gestão de dados e o atendimento ao cliente eram tratados de forma isolada, agora eles se conectam em um ecossistema digital integrado, que vai do chão de fábrica ao pós-venda.
A indústria 4.0 deixou de ser promessa e se consolidou em fábricas que adotam IoT (Internet das Coisas) e sistemas de execução de manufatura (MES). Sensores, máquinas conectadas e processos inteligentes permitem monitorar e otimizar a produção em tempo real.
Na prática, isso vem significando ganhos expressivos de produtividade. Tecnologias como o voice picking em warehouses, por exemplo, têm entregado aumentos de eficiência superiores a 25% em algumas operações logísticas, reduzindo erros e acelerando a preparação de pedidos.
Enquanto a automação garante eficiência operacional, a camada de dados e inteligência de negócios abre caminho para decisões estratégicas. A revisão das arquiteturas de dados e a criação de datalakes vêm permitindo que áreas como supply chain, finanças e comercial operem com dashboards em tempo real, expandindo a autonomia de gestores por meio do self-service BI.
O próximo passo é a análise preditiva. Com dados estruturados, as empresas do setor já começam a avançar para modelos que já são amplamente utilizados em áreas mais avançadas tecnologicamente, como financeiro, tornando-se capazes de antecipar demandas, prever rupturas na cadeia de suprimentos e até otimizar estoques de acordo com variáveis externas, como sazonalidade ou variações regionais de consumo.
O ponto central dessa transformação é que a digitalização da cadeia não se encerra na fábrica. Cada investimento em IoT, automação ou BI acaba se refletindo na forma como o cliente é atendido, seja pela disponibilidade do produto certo na região adequada, seja pela agilidade na resposta de representantes comerciais.
É certo que a construção civil começa a viver um ciclo virtuoso, no qual quanto mais digitalizadas estão suas fábricas e operações, mais consistente e personalizada se torna a relação com o consumidor final.
O grande desafio para CIOs e executivos de tecnologia está em orquestrar essa complexidade sem perder simplicidade. A redução de sistemas redundantes, a escolha de plataformas de integração robustas e a criação de governança de dados sólida serão determinantes para que esse movimento não resulte em um mosaico fragmentado, mas em uma cadeia verdadeiramente conectada.
Carlos Violante, executivo de tecnologia da Vedacit.