Brasil corre risco de “Apagão Digital” em 2026? Especialistas alertam para ameaça silenciosa na internet brasileira

há 3 dias 47

Capacidade das redes brasileiras pode atingir limite operacional em 2026, aponta análise de especialistas em infraestrutura

Projeções recentes de consultorias e entidades do setor de telecomunicações indicam que a infraestrutura de banda larga fixa e móvel no Brasil pode atingir um nível crítico de saturação até 2026. O alerta considera a combinação entre o avanço da demanda por tráfego, a consolidação do 5G Standalone, o crescimento da computação em nuvem e a popularização de serviços intensivos em dados, como aplicações de IA generativa e transmissão de vídeo em alta resolução.

Demanda por tráfego cresce acima da capacidade de ampliação

Nos últimos dois anos, o tráfego médio por usuário em redes de fibra óptica cresceu entre 25% e 40% ao ano, segundo estimativas internas de operadoras regionais e grandes ISPs. Já as redes móveis registram aumentos ainda mais agressivos, impulsionados pela migração de usuários 4G para 5G e pela ampliação das aplicações de baixa latência.

Embora o Brasil tenha ampliado significativamente sua capacidade óptica em backbone e backhaul, especialistas afirmam que boa parte dessa infraestrutura foi projetada para absorver um volume menor de tráfego do que o atualmente observado. A pressão é ainda maior em cidades de médio porte e regiões onde a competição entre ISPs leva ao uso intensivo das mesmas rotas.

5G acelera a necessidade de redes ópticas mais robustas

Com a expansão do 5G Standalone e da adoção de soluções FWA (Fixed Wireless Access), cresce também a exigência por backhaul óptico de alto desempenho. A densificação de antenas e a necessidade de suportar capacidades acima de 10 Gb/s por estação rádio-base (ERB) tornam obrigatória a modernização das rotas de transporte.

Segundo especialistas da Vivo e da TIM, a previsibilidade e o gerenciamento inteligente de tráfego por meio de sistemas de análise baseados em IA já são considerados fundamentais para evitar gargalos e degradação de serviço em horários de pico.

Riscos principais: falta de redundância e obsolescência de redes legadas

Entre os pontos de maior preocupação, destacam-se:

  • Rotas de transporte com baixa redundância, especialmente em regiões Norte e Centro-Oeste.
  • Infraestrutura óptica legada baseada em fibras não otimizadas para altas densidades e longas distâncias.
  • ERBs dependentes de backhaul de capacidade limitada, dificultando o pleno desempenho do 5G.
  • ISPs regionais compartilhando rotas congestionadas, o que aumenta o risco de saturação simultânea.
  • Escalabilidade limitada em data centers regionais, que passam a exigir upgrades para suportar novas cargas de IA e CDN.

Expansões necessárias até 2026

Engenheiros de redes consultados apontam quatro caminhos prioritários para mitigar riscos de saturação:

  1. Ampliação de rotas de transporte e aumento de redundância física para municípios de médio porte.
  2. Migração de fibras legadas para padrões G.657 ou superiores, reduzindo perdas e ampliando capacidade.
  3. Uso intensivo de IA para previsão de falhas e balanceamento dinâmico de tráfego.
  4. Densificação de ERBs e upgrade de enlaces backhaul para 10 Gb/s ou mais.

Cenário de risco não é imediato, mas exige atenção

Embora o risco de saturação total não seja considerado iminente, o setor entende que o planejamento de expansão precisa ser acelerado. Em um ambiente onde o consumo cresce mais rápido do que a capacidade instalada, falhas pontuais podem se transformar em instabilidades sistêmicas.

A continuidade da digitalização do país dependerá de investimentos coordenados entre operadoras, ISPs regionais, provedores de conteúdo e órgãos reguladores. Caso isso não ocorra, 2026 pode se tornar um marco de estresse operacional significativo na infraestrutura nacional.

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