Capacidade das redes brasileiras pode atingir limite operacional em 2026, aponta análise de especialistas em infraestrutura
Projeções recentes de consultorias e entidades do setor de telecomunicações indicam que a infraestrutura de banda larga fixa e móvel no Brasil pode atingir um nível crítico de saturação até 2026. O alerta considera a combinação entre o avanço da demanda por tráfego, a consolidação do 5G Standalone, o crescimento da computação em nuvem e a popularização de serviços intensivos em dados, como aplicações de IA generativa e transmissão de vídeo em alta resolução.
Demanda por tráfego cresce acima da capacidade de ampliação
Nos últimos dois anos, o tráfego médio por usuário em redes de fibra óptica cresceu entre 25% e 40% ao ano, segundo estimativas internas de operadoras regionais e grandes ISPs. Já as redes móveis registram aumentos ainda mais agressivos, impulsionados pela migração de usuários 4G para 5G e pela ampliação das aplicações de baixa latência.
Embora o Brasil tenha ampliado significativamente sua capacidade óptica em backbone e backhaul, especialistas afirmam que boa parte dessa infraestrutura foi projetada para absorver um volume menor de tráfego do que o atualmente observado. A pressão é ainda maior em cidades de médio porte e regiões onde a competição entre ISPs leva ao uso intensivo das mesmas rotas.
5G acelera a necessidade de redes ópticas mais robustas
Com a expansão do 5G Standalone e da adoção de soluções FWA (Fixed Wireless Access), cresce também a exigência por backhaul óptico de alto desempenho. A densificação de antenas e a necessidade de suportar capacidades acima de 10 Gb/s por estação rádio-base (ERB) tornam obrigatória a modernização das rotas de transporte.
Segundo especialistas da Vivo e da TIM, a previsibilidade e o gerenciamento inteligente de tráfego por meio de sistemas de análise baseados em IA já são considerados fundamentais para evitar gargalos e degradação de serviço em horários de pico.
Riscos principais: falta de redundância e obsolescência de redes legadas
Entre os pontos de maior preocupação, destacam-se:
- Rotas de transporte com baixa redundância, especialmente em regiões Norte e Centro-Oeste.
- Infraestrutura óptica legada baseada em fibras não otimizadas para altas densidades e longas distâncias.
- ERBs dependentes de backhaul de capacidade limitada, dificultando o pleno desempenho do 5G.
- ISPs regionais compartilhando rotas congestionadas, o que aumenta o risco de saturação simultânea.
- Escalabilidade limitada em data centers regionais, que passam a exigir upgrades para suportar novas cargas de IA e CDN.
Expansões necessárias até 2026
Engenheiros de redes consultados apontam quatro caminhos prioritários para mitigar riscos de saturação:
- Ampliação de rotas de transporte e aumento de redundância física para municípios de médio porte.
- Migração de fibras legadas para padrões G.657 ou superiores, reduzindo perdas e ampliando capacidade.
- Uso intensivo de IA para previsão de falhas e balanceamento dinâmico de tráfego.
- Densificação de ERBs e upgrade de enlaces backhaul para 10 Gb/s ou mais.
Cenário de risco não é imediato, mas exige atenção
Embora o risco de saturação total não seja considerado iminente, o setor entende que o planejamento de expansão precisa ser acelerado. Em um ambiente onde o consumo cresce mais rápido do que a capacidade instalada, falhas pontuais podem se transformar em instabilidades sistêmicas.
A continuidade da digitalização do país dependerá de investimentos coordenados entre operadoras, ISPs regionais, provedores de conteúdo e órgãos reguladores. Caso isso não ocorra, 2026 pode se tornar um marco de estresse operacional significativo na infraestrutura nacional.
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