Nesta terça-feira, 14, no Oracle AI World, em Las Vegas, a Oracle revelou o que promete ser uma nova era para a convergência entre inteligência artificial e dados corporativos. O CEO da Oracle, Mike Sicília, abriu o evento com um discurso que marcou o tom dessa nova era tecnológica da empresa: "Estamos diante de um evento que acontece uma vez por geração, um momento em que a inteligência artificial muda tudo", afirmou. Segundo ele, todas as inovações da Oracle ao longo das décadas convergiram para esta fase, em que a IA corporativa passa a redefinir como os negócios são feitos globalmente. Sicília destacou que a Oracle não está apenas acompanhando a revolução da IA, mas liderando-a com uma plataforma que une dados, infraestrutura, aplicações e confiança.
O executivo ressaltou que o Oracle Database 26ai é o "banco de dados da IA", projetado para integrar dados estruturados e não estruturados a modelos generativos de ponta, permitindo criar e executar agentes inteligentes com segurança e escalabilidade. Ele também destacou o papel central da Oracle Cloud Infrastructure (OCI) como base para o treinamento e execução de modelos em larga escala, com desempenho, flexibilidade e custo-benefício superiores.
Sicília compartilhou exemplos concretos do impacto da IA nos negócios: automatização de despesas e previsões financeiras, redução no tempo de contratação, aumento nas taxas de conversão em vendas e ganhos de eficiência em supply chain e suporte técnico. Para ele, o verdadeiro poder da IA está em mudar a forma de trabalhar, liberando os colaboradores para tarefas estratégicas e criativas. "A IA não é apenas sobre tecnologia — é sobre transformar a maneira como as empresas operam, inovam e se conectam com as pessoas", concluiu.
Lançamentos
No centro das atenções do evento, estão dois anúncios principais: o lançamento oficial do Oracle AI Database 26ai e a disponibilização do OCI Dedicated Region25, nova modalidade de nuvem privada de pegada reduzida. Juntos, eles moldam a estratégia da empresa de tornar a IA parte integrante do "tecido" dos sistemas de dados empresariais — não como um acessório, mas como núcleo.
26ai assume o protagonismo
A Oracle posiciona o Oracle AI Database 26ai como um divisor de águas — o primeiro banco de dados corporativo com IA "nativa", integrando capacidades cognitivas a todas as camadas: armazenamento vetorial, otimização automática, agentes de IA, analytics e segurança.
Segundo Juan Loaiza, vice-presidente executivo de Tecnologias de Banco de Dados da Oracle: "Projetando IA e dados juntos, o Oracle AI Database torna o 'AI for Data' fácil de aprender e fácil de usar."
A promessa: recolocar o banco de dados como a plataforma central para toda aplicação de IA, em vez de depender de camadas externas. Isso inclui, por exemplo:
Busca Vetorial Híbrida Unificada — combinar pesquisa vetorial (embedding) com buscas relacionais, texto, grafos e dados espaciais para dar respostas multimodais.
Agentes de IA internos — por meio do protocolo MCP (Model Context Protocol), permitir que modelos acessem os dados de forma iterativa dentro do banco, "pedindo" consultas conforme a lógica do agente.
Segurança e privacidade integradas — controles por linha, coluna ou célula, mascaramento dinâmico e acesso direto à IA sem expor dados sensíveis.
Aceleração por hardware Exadata / Exascale — offload de operações vetoriais para armazenamento inteligente, uso de algoritmos RDMA, compressão híbrida e cache automática (True Cache).
Criptografia resistente à era quântica — implementação de algoritmos ML-KEM no tráfego de dados (em trânsito), complementando a proteção já existente para dados em repouso.
A Oracle também já anuncia uma política de atualização sem fricção: os clientes que utilizam o Oracle Database 23ai poderão migrar via patch ainda esse mês para aproveitar o modelo 26ai, sem necessidade de recertificação ou upgrades disruptivos. Os recursos de IA — como o AI Vector Search — estão inclusos sem cobrança adicional.
Entre os recursos futuros esperados, a empresa destaca:
Oracle Autonomous AI Lakehouse — compatível com Apache Iceberg, funcionando em múltiplas nuvens (OCI, AWS, Azure, Google Cloud) e interoperável com Databricks e Snowflake.
AI Private Services Container — container padronizado para rodar modelos locais (LLMs, embeddings, reconhecimento de entidades), permitindo que dados sensíveis não saiam do domínio da empresa.
Integração com NVIDIA — suporte a microserviços NVIDIA NeMo Retriever, pipelines RAG com CUDA, e aceleração com algoritmos cuVS para execução vetorial via GPU no futuro.
Ferramentas low-code/no-code para agentes — como Select AI Agent, AI Private Agent Factory e integração com APEX para autorar aplicações com base em linguagem natural.
Recursos de missão crítica — como Zero Data Loss Cloud Protect, banco de dados globalmente distribuído multi-master, SQL Firewall e True Cache distribuído para aplicações.
Em síntese, o 26ai representa a ambição da Oracle de tornar "IA para dados" uma plataforma unificada, de ponta a ponta — do armazenamento ao agente conversacional — com segurança, performance e flexibilidade.
OCI Dedicated Region25: a nuvem que vai até você
Enquanto o 26ai refaz o mapa dos bancos de dados inteligentes, a Oracle aproveitou o palco principal do AI World para anunciar um avanço igualmente estratégico no âmbito de infraestrutura: o OCI Dedicated Region25, solução que permite levar mais de 200 serviços de nuvem e IA da OCI diretamente ao datacenter do cliente, em uma pegada física compacta.
Com a Dedicated Region25, a Oracle oferece:
Implantação acelerada — em semanas, iniciando com apenas três racks, ideal para ambientes com espaço restrito.
Paridade total com a nuvem pública — os clientes têm acesso à gama completa de 200+ serviços AI & cloud, sem limitação ou degradação de recursos.
Escalabilidade modular — pode crescer de três racks para centenas conforme a demanda, sem downtime ou reengenharia.
Segurança e soberania — nuvem operada pela Oracle, mas fisicamente localizada no ambiente do cliente, facilitando requisitos regulatórios e de privacidade.
Simplificação operacional — a Oracle gerencia toda a operação da Dedicated Region, liberando a equipe local para focar em inovação, não infraestrutura.
Esse movimento responde diretamente a uma demanda crescente das organizações por soberania de dados e flexibilidade: muitas indústrias (governos, finanças, saúde) exigem que a carga de dados ou inferência de IA permaneça local, sem a dependência exclusiva de nuvens públicas. Scott Twaddle, vice-presidente sênior de Produtos da OCI, declarou que a nova opção "redefine o que uma nuvem dedicada pode ser" ao trazer verdadeira liberdade de implantação.
O anúncio complementa a evolução já iniciada da OCI Dedicated Region — que desde 2020 oferecia nuvem privada com perfil de hiperescala — ao introduzir uma variante mais leve e adaptável.
Além disso, a Oracle reforça que essa oferta faz parte de sua estratégia de nuvem distribuída: os clientes podem escolher entre nuvem pública, dedicada, híbrida ou multicloud, mantendo consistência, interoperabilidade e governança unificada.
Virada estratégica
Os anúncios assinalam muito mais do que lançamentos pontuais: eles sinalizam uma virada estratégica da Oracle no debate sobre IA corporativa e infraestrutura de dados. Alguns pontos de atenção e implicações emergem dessa mudança:
IA como eixo de futuro – O rebranding do evento — de CloudWorld para AI World — já antecipava esse momento. Agora, com produtos que colocam IA no coração dos bancos de dados e permitem nuvem privada com inteligência embutida, a Oracle se reposiciona como empresa de IA para empresas, e não apenas como provedor de TI corporativa.
Diferenciação frente aos grandes provedores de nuvem – Enquanto Azure, AWS e Google disputam em escala e ecossistemas, a Oracle aposta na integração profunda entre dados e IA e no modelo de nuvem híbrida/soberana. O 26ai fortalece sua vocação original — banco de dados — ao transformá-lo em plataforma de IA, reduzindo a dependência de soluções externas. E o Dedicated Region25 oferece vantagem competitiva em ambientes regulados.
Redução das barreiras de adoção de IA – Do ponto de vista do cliente, a promessa de migrar de versões anteriores com um simples patch (no caso do 26ai) ou de lançar nuvem privada com apenas três racks (no caso da OCI) reduz consideravelmente os custos de entrada e a complexidade. A Oracle busca tornar o caminho para "IA no core" mais acessível.
Pressão sobre decisões de arquitetura corporativa – Para empresas que já investiram em pipelines de IA externos ou arquiteturas multi-cloud, a proposta da Oracle oferece uma alternativa de se consolidar em um stack unificado, com menor latência (sem mover dados), governança local e segurança integrada. Será uma verdadeira decisão de arquitetura: "continuar com camadas externas ou abraçar IA no banco + nuvem privada?"
Sinal para parcerias e ecossistemas – O anúncio do 26ai enfatiza compatibilidade com padrões da indústria (Apache Iceberg, ONNX, MCP), o que facilita a integração de soluções de terceiros. Em paralelo, no mesmo dia, a Oracle renovou parceria com a NVIDIA para reforçar iniciativas de soberania em IA, especialmente com governos, usando aceleração GPU no ambiente da OCI e integração com microserviços NVIDIA.
Desafio de credibilidade e execução – No mundo corporativo e tecnológico, novidades audaciosas geram entusiasmo — mas exigem entrega com robustez, escalabilidade e confiabilidade. A Oracle precisa provar que o 26ai suporta cargas críticas de empresas e que o Dedicated Region25 oferece estabilidade e segurança comparáveis às nuvens públicas. Também será observada a adoção efetiva desses recursos por clientes reais — especialmente em setores regulados.
*o jornalista viajou a Las Vegas a convite da Oracle.
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há 1 semana
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